A Semana Nacional de Controle e Combate à Leishmaniose, celebrada anualmente na semana que incluir o dia 10 de agosto, em 2022 ocorre entre os dias 08 e 15.
A data comemorativa, instituída pela Lei nº 12.604/2012, objetiva estimular ações educativas e preventivas; promover debates e outros eventos sobre as políticas públicas de vigilância e controle da leishmaniose; apoiar as atividades de prevenção e combate à leishmaniose organizadas e desenvolvidas pela sociedade civil; difundir os avanços técnico-científicos relacionados à prevenção e ao combate à doença.
Leishmanioses são doenças infecciosas causadas por protozoários do gênero Leishmania que, de modo geral, dividem-se em tegumentar americana, quando acometem a pele e as mucosas, e em visceral (ou calazar), quando afetam órgãos internos.
Leishmania são parasitos mantidos na natureza por flebotomíneos – pequenos insetos conhecidos por diversos nomes, como mosquito-palha, tatuquira, cangalhinha e birigui – e por uma grande diversidade de hospedeiros vertebrados chamados de reservatórios. Mamíferos silvestres como gambá, tamanduá e preguiça, além de cães domésticos e cavalos, podem ser reservatórios importantes.
Os protozoários são transmitidos por fêmeas de flebotomíneos infectadas, durante a ingestão de sangue. Os parasitas vivem e se multiplicam no interior das células que fazem parte do sistema de defesa do indivíduo, chamadas macrófagos.
As fontes de infecção das leishmanioses são, principalmente, os animais silvestres e os insetos flebotomíneos que abrigam o parasita em seu tubo digestivo, porém, o hospedeiro também pode ser o cão doméstico e o cavalo.
Na leishmaniose cutânea, os roedores silvestres, tamanduás e preguiças, são os animais silvestres que atuam como reservatórios. Na leishmaniose visceral a principal fonte de infecção é a raposa do campo. Nos centros urbanos a transmissão se torna potencialmente perigosa por causa do grande número de cães, que adquirem a infecção e desenvolvem um quadro clínico semelhante ao do homem.
A doença não é contagiosa nem se transmite diretamente de uma pessoa para outra, nem de um animal para outro, nem dos animais para as pessoas. A transmissão do parasita ocorre apenas através da picada do mosquito fêmea infectado.
Na maioria dos casos, o período de incubação é de 2 a 4 meses, mas pode variar de 10 dias a 24 meses.
Sintomas da leishmaniose visceral:
– febre intermitente com semanas de duração;
– fraqueza;
– perda de apetite;
– emagrecimento;
– anemia;
– palidez;
– aumento do baço e do fígado;
– comprometimento da medula óssea;
– problemas respiratórios;
– diarreia;
– sangramentos na boca e nos intestinos.
Sintomas da leishmaniose cutânea:
Duas a três semanas após a picada pelo flebótomo aparece uma pequena pápula (elevação da pele) avermelhada que vai aumentando de tamanho até formar uma ferida recoberta por crosta ou secreção purulenta, bordas avermelhadas, que demoram para cicatrizar. A doença também pode se manifestar como lesões inflamatórias nas mucosas do nariz ou da boca.
Outra forma da doença é a mucocutânea, em geral transmitida pelo Leishmania braziliensis. A ferida primária tem as mesmas características da cutânea simples. A diferença é que, ao mesmo tempo, ou meses depois, surgem metástases nas mucosas da nasofaringe que destroem a cartilagem do nariz e do palato provocando deformações graves.
A presença de nódulos espalhados pelo corpo, sobretudo nos membros, é a principal característica da leishmaniose cutâneo difusa. Já na leishmaniose disseminada, o paciente apresenta inúmeras lesões ulceradas espalhadas por todo o corpo, que surgem de repente e podem vir acompanhadas de febre, calafrios e mal-estar.
Diagnóstico, Tratamento e prevenção:
O diagnóstico da leishmaniose é realizado por meio de exames clínicos e laboratoriais e, assim como o tratamento com medicamentos, deve ser cuidadosamente acompanhado por profissionais de saúde.
Para os cães acometidos pela doença, há tratamento autorizado no país, devendo ser prescrito e acompanhado por médico veterinário.
A leishmaniose visceral em humanos é considerada, pela Organização Mundial de Saúde (OMS), uma das principais doenças negligenciadas do planeta, pois ocorre com maior frequência em populações socialmente mais vulneráveis, principalmente crianças. De acordo com a OMS, o Brasil registra a maioria dos casos em todo o mundo.
É uma doença grave, para a qual não há vacina e que pode levar à morte se não for tratada oportuna e adequadamente. Por esses motivos, caracteriza-se como um desafio à saúde pública mundial e um dos principais problemas de saúde veterinária para os cães, com alta relevância para a saúde pública no país.
As medidas mais utilizadas para sua prevenção e combate se baseiam no controle dos vetores e reservatórios, proteção individual, diagnóstico precoce e tratamento dos doentes, manejo ambiental e educação em saúde:
– evitar construir casas e acampamentos em áreas muito próximas à mata;
– fazer dedetização, quando indicada pelas autoridades de saúde;
– evitar banhos de rio ou de igarapé, localizado perto da mata;
– utilizar repelentes na pele, quando estiver em matas de áreas onde há a doença;
– usar mosquiteiros para dormir;
– usar telas protetoras em janelas e portas;
– manter sempre limpas as áreas próximas às residências e os abrigos de animais domésticos;
– realizar podas periódicas nas árvores para que não se criem os ambientes sombreados;
– não acumular lixo orgânico (isso evita a presença de roedores e marsupiais – prováveis fontes de infecção para os flebotomíneos).